Reconhechimento

Entristece-me, desilude-me, magoa-me!
A sensação de ter alguém desprovido de sentimentos e de valores familiares! A certeza de que o apoio jamais será incondicional. Haverá sempre uma linha de prioridades diferente, nunca lado a lado e sempre em sentido contrário. Completamente dessincronizados. É quando me questiono se todas as exceções que se tornaram regra, se todas as tentativas de reinventar e encontrar um objetivo comum, se todas as palavras ditas e desditas em frases que deixaram de fazer sentido e surtir efeito... Anyway! Valerá a pena? Dizia que sim, o Poeta! Mas sinto a alma pequena e envergonhada! Não por ser tímida, apenas por não me reconhecer nela e consequentemente perder o rasto daquilo que julguei serem as minhas migalhas para um dia, encontrar o caminho de casa!
Podias ser a minha casa, queria que me fizesses sentir em casa.
Metaforicamente falando sinto que construímos um enorme palácio mas que vivemos em alas opostas. Eu procuro uma torre, virada para norte e um raio de sol. Tu escondes-te nos calabouços percorrendo um labirinto subterrâneo que te leva para sul. É então que me perco enquanto te procuro. Tenho medo do escuro, teimas em não te lembrar disso. Corro até à torre mais alta deste projeto comum, deste palácio gigantesco. Só os mais corajosos ousam subir. Ou pelo menos tentam. Caem que nem tordos, disse alguém. Tem vertigens, penso eu.

Sabes quem sou? Olha p’ra mim! Peço-te! Reconhece-me!
As pessoas não mudam. As prioridades sim. Li algures.
Já que não me reconheces ao menos esquece-me.