terça-feira, 23 de agosto de 2011

Um presente de aniversário

Não tinha dinheiro para te comprar um presente, e não me contentava apenas com uma lembrança de uma qualquer loja dos trezentos, ou do chinês
como gostam de lhes chamar agora. Decidi dedicar-te um capítulo do meu livro ainda por escrever.
Quando te conheci há cerca de três anos e meio atrás tinha uma imagem tua não muito boa, aquela imagem que todas as pessoas têm. Não passavas de uma RE com o nariz empinado no fantástico mundo operaniano (como uma colega nossa gosta de chamar). Facto é que era contigo que gostava de tirar dúvidas enquanto operadora e hoje em dia enquanto menina da qualidade (escusado será dizer que também sou de qualidade =D).
Ninguém te grama, todos te acham prepotente e com a mania que és boa. Também não dás confiança a muitos, melhor dizendo quase a ninguém. Vives num mundo que é teu e os poucos com a cópia da chave do portão não tem a chave da porta de entrada. Esses então são tão raros que se poderá afirmar estarem em vias de extinção. Mas gosto de ti assim.
Contigo fui aprendendo algumas coisas. Um dia disseste-me algo do género, “somos tão parecidas e tão diferentes”. É verdade, somos opostos que se atraem na forma de ver a vida. Eu sou a expressividade, a espontaneidade, a impulsividade. Tu és a sensatez, a incisão e a ponderação. Às vezes também te passas, mas afinal, quem é que não se passa de vez em quando?
“Estou avariada!”, tem sido a expressão que te oiço dizer mais vezes ultimamente. Talvez estejas mas, não será melhor viver avariada do que viver numa iminente avaria? Esse é o meu caso.
Deixo-te aqui umas palavras, que não são conselhos, porque já diz o velho ditado, se fossem bons não se davam, vendiam-se! São apenas ideias minhas, desarrumadas, mas não deixam de ser boas ideias.
Não tenhas medo. Quanto mais medo temos, menos seguimos em frente.
És forte, tens um cargo de responsabilidade na empresa onde trabalhas, a vida de algumas pessoas no nosso país passa também pelas tuas mãos. O dinheiro de algumas pessoas no nosso país depende de uns quantos ficheiros em Excel, um jogo de cintura e peras e uma boa gestão das tuas equipas. Claro que não tomas decisões sozinha mas a tua opinião ajuda bastante nas decisões.
Também tens a responsabilidade de ser feliz. E essa deverá ser sempre a tua maior prioridade. Se estás avariada não importa, o que importa é que estejas feliz.
Tens uma enormidade de motivos para te sentir assim. Um trabalho que gostas, uma cadela que adoras, uma família que amas. Tens amigos (ainda que pouco, mas tens).
É um capítulo pequeno mas para uma grande pessoa, não só em altura, porque és alta como o caneco (e irrita-me quando vens de saltos e ainda ficas mais alta do que eu), mas também em valores.
Feliz aniversário.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quero atirar um piano pela janela!!! Posso?

Nunca te pedi muito nem pouco. Acredito até que nunca te pedi nada, fui apenas aceitando o que me oferecias ao longo dos dias e noites que mesmo longe, estávamos tão perto.
Ia dando sinais para que percebesses a falta que me faziam os teus braços, o teu olhar, o teu cheiro! Dizia-te que tinha saudades. Esperava por ti todas as noites. Ganhei o hábito de não colocar o telemóvel no silêncio antes de dormir porque podias aparecer e não podia perder a oportunidade de estar contigo um momento que fosse. Sempre te disse: “diz-me até amanhã, não me digas até logo, fico sempre à tua espera mesmo sabendo que podes não aparecer!” e tu repetias sempre: “vá, até logo!”. Não sei se algum dia chegaste a imaginar o impacto, a mudança, que estavas a causar em mim.
Fui-me apaixonando, cada dia um pouco mais. Sabia, lá no fundo, que um dia tudo acabaria. Tu tinhas namorada, vivias com ela, tinham bases sólidas construídas. Eu era alguém com quem tu te identificavas, com quem gostavas de passar bons momentos, alguém que te ouvia mesmo quando estavas em silêncio. Se nos tivéssemos conhecido dois anos antes….
Nunca me fizeste promessas! Admiro-te por isso. Amo-te ainda mais! Parece absurdo mas não consegui fazer parar o crescimento deste amor exactamente por isso! Podias ter-me mentido. Porque é que não me disseste, “vou deixá-la para ficar contigo! Só preciso de tempo!”? Podias tê-lo feito, podias ter arranjado desculpas, “ah coitada está doente”; “ah morreu o periquito”, sei lá, tantas coisas! Se me tivesses mentido, se me tivesses prometido mundos e fundos, agora todo o amor teria acabado, restava apenas uma mágoa enorme e ter-te-ia feito desaparecer da minha vida! Aprendi a não acreditar em promessas desde pequena! Mas tu, que me conheces tão bem, desde sempre e para toda a eternidade, agiste correctamente até quando me “deixaste” a primeira vez!
Lembras-te? Estavas a chegar ao limite, começaste a gostar de mim de uma forma diferente, a tua namorada começou a sentir-te estranho! (Disseste-me isto algum tempo depois). Sabias que continuar te traria consequências maiores, optaste por responder à pergunta que te fiz, sabendo que a resposta me afastaria!
“- A magia acabou?”
“- Acabou…”
Acho que não esquecerei estas palavras, pelo menos enquanto te amar! O que senti foi inexplicável, a nossa história tinha pouco tempo de vida mas era demasiado intensa e as tuas palavras foram devastadoras. Não me lembro de algum dia ter chorado tanto como nos dias que se seguiram.
Não tomei a iniciativa de te ligar, fiquei demasiado magoada e além disso o meu orgulho não me permitiu fazê-lo. Uns dias depois ligaste-me. Engraçado, assim que vi o teu nome no visor sofri de Parkinson temporário. A primeira tentativa foi a de uma conversa normal, mas acabamos por ficar uns bons vinte minutos ao telefone como já era hábito.
Os meses foram passando e continuámos a falar e a estar tão próximos quanto possível, voltámos a estar lado a lado uma ou duas vezes mas apenas de passagem. Um dia disse-te que tinha conhecido alguém e que a minha vida tinha de continuar. Decidi não ficar à espera que um milagre acontecesse. Optei por tentar ser feliz. Não me podia ter esquecido que apesar de seres quem és, és HOMEM! Os homens não aceitam “partilhar”. Outro homem que me beije, que me abrace, que partilhe momentos de intimidade comigo. Incomodou-te, creio que chegaste a sentir-te traído!
Como pode uma mulher dizer que te ama e dizer-te também que vai tentar ser feliz com outro homem?! Essa mesma mulher tentou perceber durante muito tempo como era possível que sentisses e estivesses de tal forma ligado a ela, que não pudessem viver um com o outro mas que não conseguissem viver um sem o outro, e nem mesmo isso te fez querer estar mesmo com ela! Uma casa, um carro, uma mota, amigos em comum, laços familiares criados. Motivos mais do que suficientes para não quereres abdicar da vida que tinhas e conhecias por um futuro incerto e desconhecido. Tu preferiste não arriscar e ela decidiu seguir em frente. Certo ou Errado? Nuns dias certo, noutros errado.
Fomo-nos desligando, melhor, tu deixaste de te sentir tão ligado a mim. Sexualmente sempre nos entendemos na perfeição! Fomos feitos um para o outro nesse campo. Pode-se dizer que sempre foi fantástico! Estivemos juntos uma última vez, creio que terá sido a derradeira despedida.
Podemos ser amigos uma vida inteira, acredito que não sejamos mais do que isso. Como diz a nossa amiga Margarida Rebelo Pinto “Mais vale chorar a tristeza de um amor perdido do que sonhar com um oásis que se transformou numa miragem (…) Guarda as laranjas num cesto, leva-as para casa e faz um bolo de saudades para esquecer a mágoa.”
Percebi que como eu apareci na tua vida, outras mulheres aparecerão! Mesmo que não te envolvas com elas, mesmo que não sintas o que por mim sentiste. Basta que te alimentem o ego com palavras de sedução e elogios desmedidos ao teu sorriso e sentido de humor. Todas elas, tal como eu, desempenharão um papel diferente na tua vida! O meu, dir-me-ás um dia qual foi.