sexta-feira, 30 de março de 2012

O amor dos outros #2

Hoje ele está sozinho. Não lê o jornal. Ouve apenas música e balança as pernas como quem se imagina a dançar. Talvez ela seja professora e esteja de férias à semelhança das crianças. Não acredito que tirasse férias propositadamente numa altura diferente da dele. Talvez esteja doente. Com gripe. Estas mudanças de temperatura trazem destas maleitas. É estranho não vê-los juntos. As meus olhos ele sente-se perdido sem ela. Tem o olhar longínquo. Mas isto sou eu a imaginar o amor dos outros à semelhança do que eu queria para mim. Eu e o Amor.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Where is your love...??

Ela - A quem pertence o teu amor?
Eu - Neste momento? Nem a mim.
Ela -?
EU - É verdade. Não sei do meu amor. Perdi-o numa viagem ou numa ilusão. Ando a tentar encontrá-lo.
Ela - Acho que o amor não existe.
EU - Existe. Mas às vezes esconde-se.
Ela - Durante muito tempo.
EU - Claro. Tem medo. E normalmente aparece quando deixamos de o procurar.

terça-feira, 27 de março de 2012

Pedaços de História #1

Tenho 27 anos. 
O meu primeiro trabalho, assim com ordenado e tudo, foi aos 14. 
Eu queria ganhar dinheiro que sabia nunca ir usufruir dele porque a minha avó o iria confiscar. Ainda assim qualquer coisa era melhor que estar em casa. Eram as férias grandes, e na altura eram definitivamente grandes. Eu ficava sempre em casa a lavar, cozinhar, costurar, limpar e a imaginar como seriam os meus novos colegas de turma quando as aulas começassem. Imaginava o que estariam eles a fazer naquelas mesmas férias. Trabalhei mês e meio numa fábrica de plásticos. Cortei, dobrei e arrumei plástico durante esse tempo. Foi duro. Muito duro. As crianças nessa idade querem é ir para a praia ou brincar. E aquilo não era de todo a brincar. Criei calos nas mãos. Para, ao fim de mês e meio e muito, muito trabalho, a minha querida avó me dizer que aquele dinheiro lhe pertencia por direito e que não chegava para pagar todas as refeições que até então me tinha dado. A mim e às minhas irmãs.
Quando completei o 12º ano tinha 18 anos. Queria ir para a faculdade. Queria ser alguém na vida. Na altura pensava que ser alguém implicava fundamentalmente ter formação académica. 
Concorri para a Escola Superior de Policia e para uma série de faculdades. Fui fazer os testes para a policia mas infelizmente fiquei-me pelos físicos. Lavar a loiça e varrer a casa não me dava propriamente condição física, embora eu achasse que sim. Mas, entrei na Faculdade de Letras de Lisboa. 
Foi então que pensei, bem, tenho de ir trabalhar para conseguir pagar propinas, livros, deslocações e afins. Questionei a minha avó sobre essa hipótese e ela disse-me prontamente que sim. Qual quê?! Não devia estar virada para se chegar à frente com todos esses custos. 
Fui fazer tele-marketing. Estava na moda na altura. Quinze dias depois sai de casa porque já não aguentava mais ouvir aquela senhora a massacrar-me os ouvidos. Pormenores que não me apetece de momento falar.
A partir dai o meu curriculum vitae ganhou vida. 
-Auxiliar de lavandaria e posteriormente auxiliar de acção médica num hospital psiquiátrico;
-Operadora de caixa num supermercado;
-Interna numa casa de uma contabilista louca e de um advogado com a mania que era bom (2 dias, não aguentei a pressão)
-Operadora de call-center;
-Embaladora num talho (um frio que não se aguentava dentro daquelas arcas);
-Tradutora num restaurante chinês e empregada de mesa no mesmo (falavam todos chinês à excepção de um rapaz que dava uns toques no inglês e lá estava eu a traduzir aquela confusão toda);
-Operadora de caixa e posteriormente encarregada de loja numa loja de conveniência;
-Operadora de Arquivo da RTP (alguém vê a RTP Memória?! Eu ajudei para que aquilo fosse possível!);
-Figurante nas tardes da Júlia na TVI (2 ou 3 dias que eles pagam mal à brava!);
-Figurante numa série de séries e filmes (Até gostei!);
-Participações activas na arte de tirar imperiais em festivais de verão;
-Senhora das limpezas em eventos dos grandes em que se trabalha muito e se recebe consideravelmente bem;
-Operadora de Recuperação de Crédito num banco qualquer;
-Babysitter;
-Promotora;
-Operadora de Registo de Dados / Operadora de Qualidade;
-E mais um ou dois que não me lembro com certeza.
Enfim, fartei-me de trabalhar sabem?! E não, não passava a vida a ser despedida. Simplesmente tinha de conciliar sempre dois ou três trabalhos porque a vida é difícil.
De uns cansei-me. Noutros o contrato simplesmente chegou ao fim. Acho que nenhum dos meus patrões tem razão de queixa minha. Sempre fui esforçada e empenhada. Desempenhei sempre as minha funções de acordo com o que me era pedido. 
Tenho procurado trabalho, não estou desempregada, estou apenas desmotivada. Quero mudar. Quero começar por mudar de trabalho.
O meu currículo não me serve de nada. Não há trabalho, não há emprego, não há dinheiro, não há nada. 
Desisti dos estudos naquela altura. Nem me cheguei a matricular na faculdade na altura. Tinha de optar entre comer ou estudar. 
Hoje em dia penso em voltar a estudar. Pensei em milhares de opções. Mas falta-me o tempo. O dinheiro. A juventude. 
O que me tornou alguém na vida não foi efectivamente a formação académica. 
O que me fez quem sou foi a escola da vida. E essa meus amigos, é lixada, exigente, e se não tem cuidado chumbam. E não basta apenas ter boas notas para alcançar boas médias. Temos de estar permanentemente a fazer melhoria de notas. 
Aprendi a ser uma excelente dona de casa. Tomei conta das minhas irmãs. Aprendi a crescer. 
Crescer dói que se farta. Mas agora que sou uma mulher, que sou alguém na vida, posso dizer que quase tudo vale a pena. As dores. As derrotas. Os sorrisos. A escola.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Para ti, minha querida...

Percebi que precisava partilhar isto contigo. 

“O dicionário define dor como sofrimento mental ou aflição devido a angústia ou perda. Profundo lamento, arrependimento doloroso. Como cirurgiões, como cientistas, ensinam-nos a aprender e a confiar em livros, em definições, em conceitos definitivos. Mas, na vida, as definições rígidas raramente se aplicam. Na vida, a dor pode parecer-se com algo nada parecido com profundo lamento.
A dor pode ser algo que todos temos em comum. Mas é diferente em cada pessoa. Não é apenas a morte que temos a chorar. É a vida, é a perda. É a mudança. E quando nos perguntamos por que tem de ser tão mau de vez em quando, por que tem de doer tanto, temos de nos lembrar de que tudo pode mudar de repente. É assim que nos mantemos vivos. Quando dói tanto que nem conseguimos respirar? É como sobrevivemos. Recordando aquele dia, de certo modo, impossívelmente, não te sentirás assim. Não irá doer tanto. A dor chega na altura própria para cada pessoa. Ao seu modo. Portanto, o melhor que podemos fazer, que alguém pode fazer, é tentar ser honesto. O que é mesmo chato, a pior parte da dor, é que não conseguimos controlá-la. O melhor que podemos fazer é permitir-nos senti-la quando chega. E deixá-la partir quando conseguirmos. O pior é que, quando pensamos que já a ultrapassámos, começa de novo. E de cada vez que começa... Ficamos sem fôlego. Há cinco fases da dor. São diferentes em todos nós, mas são sempre cinco. Negação. Ira. Negociação. Depressão. Aceitação.“

(Season 6 2nd Episode Grey's Anatomy)

(Quero apenas que saibas que estarei aqui nas cinco fases. E ainda cá estarei depois. Gosto de ti. E além disso, sempre estivemos tão perto e nunca nos vimos, agora que a vida nos juntou terás de me aturar até eu ser uma velha rabugenta! Como me dizes sempre, um beijo doce e um abraço apertado.)

sexta-feira, 23 de março de 2012

O amor dos outros #1

Vejo-os todos os dias. Inicialmente pensei que fosse mel demais. Agora percebo que é simplesmente Amor. Entram no comboio sempre de mãos dadas. E assim se deixam ficar até ao final da viagem. São a pele um do outro. Ele sempre de fato e gravata. Ela com roupa também formal. Sempre impecavelmente bem vestidos e com acabamentos perfeitos. Só hoje percebi que ela é mais alta que ele. Estão na casa dos 30 e não me parece que tenham filhos. Lêem o jornal juntos. Falam baixinho um com o outro. Quando a leitura termina ela deita a cabeça no seu ombro e ele encosta-se a ela. Deixam-se estar assim quase que numa continuidade da sua noite juntos. A troca de olhares e de carinho são de uma cumplicidade tamanha que trocam apenas um beijo, quando ele sai do comboio e ela o olha já com uma imensa saudade e vontade de estarem juntos no final do dia. Hoje é sexta-feira e ao contrário dos outros dias ela sorri. E quando digo ao contrário não quero dizer que ela costume estar triste. Apenas cansada e com sono. Devem ansiar a chegada deste final de dia... para se poderem amar sem condicionastes e interrupções.

segunda-feira, 19 de março de 2012

"Turn and Turn Again"



Esta é a minha série de eleição, não me interessa o que possam pensar! Ah e tal lá está o lamechismo! Whatever! Eu gosto. E no episódio 21 da 5ª temporada deparei-me com isto! Fenomenal! Completamente viciada! A música é fantástica (a meu ver) e a letra por si só diz tudo!

Dia do Pai

A 19 de Março de 1997 escrevi-te uma carta na escola. Possivelmente foi ditado pela professora. Agora que a leio não me parece que tenha sido eu a escrevê-la. Não sei porque tenho isto comigo, está guardado na minha mini-caixa de recordações. Abri mão de algumas com o passar dos anos. Mudei de caixa e de casa muitas vezes e talvez por isso também tenha perdido uma grande parte.

"O passo na escola

...muito depois... o ruído de um passo! Um passo forte, lépido, vivo, familiar..
Um passo que vem vindo e que sobe depressa os degraus de uma escada.
Um passo que ouço extasiada e espero numa ânsia sem palavras, reconhecendo entre todos os outros o seu pisar ágil e diferente que a tudo, como a mim, enche de segurança.
Sei que para chegar não encontra embaraço.
Sobe os degraus de dois em dois, correndo.
Sinto-o ao longe, ouço-o vir. Quero-lhe bem. Sabendo, escuto-o definir-se, aproximar-se, entrar...
É um passo que me encontra, me conforta e me atrai.
E, de súbito, o passo toma corpo, torna-se dois braços que me arrebatam do chão, faz-se um rosto de homem sorridente, moço, um rosto de carinho e de alegria que eu não canso de ver e rever todo o dia.
Um rosto que se inclina sobre a minha pequena cabeça com adoração.

O símbolo de toda a protecção: PAI."

Em 1997 tinha 12 anos. Passaram-se 15. Não te vejo há 14.
Tens três filhas, um neto, um irmão e ainda a tua mãe (não que ela interesse muito). 
Ainda caminhas por este mundo? Se assim não for podia pedir-te um sinal, daqueles que se pedem às vezes, para não ficar eternamente à tua espera. Ou melhor, para não ficarmos! 
Onde quer que estejas e ainda que não mereças desejo-te um bom dia do Pai. Não sou muito de datas no calendário, datas deste género, porque acho que todos os dias são dias, mas ainda assim fica aqui uma lembrança de há 15 anos atrás. 
E mais uma vez, 
Um beijo das tuas filhas! 

(P.S.: Nunca tive muito jeito para desenho!)

Happy B'day Chocapic

Há muito tempo que não te escrevo. 
Deixei de te escrever porque já pouco ou nada tinha para te dizer. Ou pelo menos nada que já não soubesses. 
O nosso quotidiano não é muito diferente. Amigos, família, passeios, trabalho. O costume.
A nossa forma de estar na vida é de certa forma semelhante. E eu que tanto te critiquei. Eu dizia que não podia ser, que a vida era demasiado curta para nos amedrontar-mos. Para deixarmos de viver o que sentimos. Não percebia nada do que se passava na tua cabeça. 
Hoje aqui sentada a escrever confesso que eu deixei de viver o que sinto. Ou pelo menos não vivo tudo como sinto.
Acho que te escrevo em forma de confissão. Não quero nenhuma penitência, não mereço tal coisa. 
Confesso que me tornei numa pessoa de quem não gosto muito. Eu sou de sorrisos. Sou de alegria. Sou como tu. 
Mas ultimamente dou por mim sem sorrir durante dias. Não me sinto feliz. Não me sinto realizada. Simplesmente, não me sinto.
Deixei de me sentir há uns tempos. Por favor belisca-me! 
Sabes aquela adrenalina que nos corria pelo sangue juntos? Quando fazíamos coisas das quais não nos orgulhávamos nem nos orgulhamos mas que nos faziam sentir vivos? Que nos faziam querer mais e não saber como parar? Sinto falta disso. 
Sinto falta do frio nas pernas em noites ventosas de verão em que nos sentávamos nuns degraus e falávamos pouco mas que nos sabia a tanto depois de uns dias sem qualquer contacto devido às nossas (ou à tua) vidas.
Dois anos. Parece que é uma vida! Sabemos muito e pouco, mas conhecemos aquilo que somos e ainda mais importante, sabemos o que somos um para o outro. Não há arrependimentos. Não ficou nada para dizer. Mas há ainda uma pergunta que ficou por responder. 

(prefiro esta versão!)

Não que precisemos de resposta. Mas há falta de um presente de aniversário à tua altura e porque a banda sonora foi perdida e não sei se a conseguirei resgatar (um desastre isto das novas tecnologias), deixo aqui um presente à minha medida e que sei que vais gostar. 
E para que conste espero que daqui a 18 anos sejam 20 em vez de 2 e que esta coisa sem nome que nos une continue assim, forte e firme! 

Feliz Aniversário Chocapic! :)

domingo, 18 de março de 2012

receber uma destas pela manhã! Ouch!!

Não vou esperar ver-te nem marcar encontros. Não vou dizer o que sinto nem que tenho saudades. Não vou ser tua amiga de segunda a sexta das 9h às 13h e das 18h às 23h. E de vez em quando ao fim-de-semana quando não estás no T0. Não vou ficar a ouvir as desculpas de sempre. Falta de tempo. Excesso de controlo e estudos pendentes. Chega. Para mim chega. Não quero saber o que sentes nem sequer se sentes. Não somos amigos. Porque os amigos são sempre amigos e não tem horas marcadas. Portanto de vez em quando há um "olá, tudo bem?!" e pronto. Não vou ser essa, a que está sempre lá mas que tu nem sempre podes.. Porque quando eu preciso tu não estás. Refúgio, porto de abrigo.. Não são o meu nome do meio e às vezes também preciso deles. Tenho dito!

terça-feira, 13 de março de 2012

Achei que devia partilhar!

Sigo este blog... mas hoje foi a W. que me mostrou! E faz todo o sentido! 
(Obrigada à W. e ao Shiuuuu)
(Parece-me que queria dizer NUNCA!)

Precisas que te lembre?




... sei que não vens aqui por falta de tempo! Mas quero que saibas uma coisa!
Amo-te Muito!
Estarei sempre aqui para ti! E tu sabes isso!

Aliás, vocês sabem isso! Amo-vos! Sei que compreenderás que ela precisa ouvir isto, hoje mais do que noutro dia qualquer!

Então mas...

... se eu pedir com jeitinho?
Se eu pedir por favor?
Só gostava que algumas coisas e algumas pessoas desaparecessem!Vá lá... Por favor...!!

Querem uma lista?

Há coisas que me irritam, e mais ainda se for pela manhã!
1-Acordar cedo.
2-Acordar cedo e nunca conseguir sair da cama cedo.
3-Acordar cedo, sair da cama, e fazer tudo menos o que devia para me despachar.
4-Acordar cedo e ainda assim atrasar-me, quase perder o autocarro.
5-Acordar cedo, e o autocarro que apanho depois de já estar irritada estar cheio de miúdos do básico e secundário a esbanjarem boa disposição e a não darem importância ao realmente importante. (Tipo as aulas, e só falarem de namorados/as e dos inter-turmas de futebol. No meu tempo estudava-se nos autocarros. Trocavam-se apontamentos. E o meu tempo não foi assim há tanto tempo)
6-Acordar cedo, e durante os últimos 100mts que me separam da estação do comboio (uma recta seguida de uma rotunda e logo de seguida a paragem do autocarro) perder cerca de 5 minutos preciosos num trânsito estúpido que muitas vezes me faz ficar a ver "passar os comboios"!
7-Acordar cedo e perder o comboio.
8-Acordar cedo e o comboio seguinte ao que perdi atrasar-se.
9- (...)

Fico-me por dizer que o que mais me irrita é realmente acordar. Cedo. Mal disposta. E sem vontade!  
Porque há dias que nem o sol me aquece a alma! E hoje é um dia de sol. Mas estou irritada. Acordei mais uma vez! Cedo! 

segunda-feira, 12 de março de 2012

Se não todos, quase todos...

... os dias recebo uma sms a esta hora com um "bom dia" feliz e um "toca a levantar da cama"! 
Mas porquê? Gostam de me fazer inveja?
É que a esta hora eu já tenho o rabo fora da cama há hora e meia e estou a apanhar o comboio!

sábado, 10 de março de 2012

Dreams Drowned

Hoje o sonho foi diferente! Hoje sonhei que alguém tinha construído uma parede. Não era bem uma parede era uma espécie de corredor. De vidro ou de plástico. Onde as pessoas se movimentavam lá dentro. Algumas pessoas apenas. Apenas as que o tinham construído. De repente havia água por todo o lado. Eu vi a lua cheia cair. Os prédios e as pessoas desapareciam. Eu estava num autocarro e gritava. Mas ninguém me ouvia. Não acreditavam em mim! Olhem! Não estão a ver? Aquele prédio desapareceu! Sr. motorista suba! Vá para um sitio mais alto! Por favor! Chegámos a um cruzamento. Ele só podia subir ou descer. Por momentos o meu coração parou e eu chorava. Ele ia descer. Por favor não! Começamos a subir! Senti-me aliviada. As janelas do autocarro estavam abertas. A água aparecia por todos os lados. Estávamos submersos. Mas a água não entrava. Foi quando pensei que estávamos numa visita a um aquário gigante. As janelas começaram a estalar. A pressão da água era tanta! Mas a agua não entrava porquê? bolas! Finalmente chegámos ao ponto mais alto. Saltei do autocarro e fui para a parte de cima do corredor. Imóvel. Aquilo não se mexia e a água parou de subir. Parecia que tinham aberto uma torneira. Fecharam-na quando ficou ao mesmo nível que aquela construção medonha!  Estou salva! Mas as pessoas começaram todas a subir. As que estavam lá dentro começaram a rir-se de nós e o aquilo ganhou vida. Começou a "nadar" e levou-me para baixo de água! Eu ia morrer afogada. Consegui lá entrar. Estava a salvo. Não me lembro como. Os que o construíram não me fizeram mal mas eu não era bem vinda. O corredor levou-me até uma casa. Eu vivia num aquário e só via coisas mortas à minha volta. A tristeza era tanta que preferia ter-me afogado. As minhas irmãs apareceram. Abracei-as. O sonho acabou. Eu acordei.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Kayser II

"A origem da raça remonta ao Século XIX. Em 1835, o parlamento inglês proibiu o desporto chamado Bull baiting, um jogo sádico em que Bulldogs eram usados para atacar touros trazidos à arena (com a discutível intenção de amaciar-lhes a carne). O cão atacava o touro, evitando coices e chifradas, agarrava o seu nariz ou orelha, e segurava-se até que o touro caísse. Os súbditos e a realeza da época procuravam diversão, procurando distraírem-se da violência e das doenças de seu tempo comparecendo a esses espectáculos sangrentos. Felizmente, a opinião pública forçou o governo a tomar uma medida.
Posteriormente, esses cães migraram para os Estados Unidos como cães de quinta e guardas de fronteira."
Quer dizer, vossa alteza e a respectiva corte queriam distrair-se dos males da época e não vão de modos, criam todo um cenário sangrento e horripilante quer para os touros como para os cães. Só por aqui se vê que a natureza agressiva dos mesmos, neste caso dos pit bull foi semeada à três séculos atrás pelos nossos antepassados. Humanos dizem eles. Pessoas dizem eles. Ainda bem que já na altura se ouvia a voz do povo e acabaram com isso. Dizem eles. 
"As características essenciais do APBT (American Pit Bull Terrier) são a resistência, auto-confiança e a alegria de viver. A raça gosta de agradar e é cheia de entusiasmo. O APBT é um excelente cão de companhia e é notável o seu amor por crianças.
Pelo facto de a maioria dos APBT's apresentarem certo nível de agressividade contra outros cães, bem como pelo fato de o seu físico ser poderoso, a raça necessita de proprietários que os sociabilizem cuidadosamente e que treinem obediência aos seus cães.
A agilidade da raça torna-a num dos mais capazes caninos.
O APBT não é a melhor escolha para os que procuram cães de guarda por ser extremamente amigável mesmo com desconhecidos. Comportamento agressivo para com o ser humano não é característico da raça, portanto isso é extremamente indesejável. A raça sai-se muito bem em eventos e exposições pelo seu alto grau de inteligência e pela sua vontade de trabalhar.A musculatura do Pit Bull deverá ser trabalhada com exercício mas nunca com anabolizantes."
Eu tenho um Pit Bull. O nome dele é Kayser. Tem quase 6 anos. É meigo. É obediente. É o meu melhor amigo. Todos os dias de manhã antes de sair para o trabalho, desço com ele no elevador e vejo vizinhos meus a olhar para ele com um ar de terror que até ele se assusta. Nem a policia de intervenção é tão eficaz a encostar pessoas à parede quanto ele. Às vezes não entram no elevador. Outras vezes fecham-me a porta do prédio na cara e desaparecem. Escondem-se nas escadas de emergência. 
-Ele não faz mal vizinha!
-Nunca fiando, nunca fiando! (idiota, grrrr, se eu digo para quê este comentário estúpido e preconceituoso?!)
Os únicos que me falam são os que também tem cães. Todos eles sabem que ele quer apenas brincar. E isso só acontece no regresso a casa. Antes de se "aliviar" o Kayser não quer saber de nada nem de ninguém. Sai lançado do elevador, arrasta-me atrás dele e ignora todas as ordens que lhe dou. "Kayser devagar!", "Kayser com calma"... Qual quê! Vou praticamente a voar até ao terreno atrás do meu prédio!
"A agressividade do Pit Bull está associada a um gene recessivo podendo ser controlada a partir de criadores responsáveis, que devem ter a consciência de não vender tais exemplares a pessoas com perfil psicológico desviado."
Passo a descrever as pessoas com perfil psicológico desviado:
Enclausuram os cães em espaços minúsculos sem comida durante dias. Na taça da água deixam cerveja ou qualquer outro tipo de bebidas alcoólicas. Instigam-os a fazer o mal e a fortalecerem o maxilar deixando-os pendurados em pneus e fazendo-os puxar automóveis amarrados a correntes. Ensinam-nos a morder e a não largar sob determinada palavra de ordem. Levam-nos para lutas de cães onde ficam demasiado feridos mas estes cães são resistentes à dor e enquanto   a adrenalina lhes percorre o sangue não param sob pena de ainda serem castigados pelos donos devido ao prejuízo que tiveram na aposta que fizeram. Quando os cães estão velhos ou demasiado fracos e não dão lucro nestas apostas são abandonados ainda feridos e cheios de medo pelo que não deixam ninguém aproximar-se. Morrem muitas vezes. 
 "Hoje em dia o Pit Bull é muito polémico. São constantes as noticias de ataques de cães desta raça a nível mundial.
Para a imprensa os Pit Bulls são uma fonte de notícias magníficas, primeiramente criou-se o estereótipo e o grande “pré-conceito” com animais de tanto valor, após a fama já criada cada notícia reflecte em aumento de audiências ou venda de publicações como revistas e jornais. Porém há um grande problema, a cada notícia lançada na imprensa o número de PIT BULLs abandonado nas ruas aumenta em 250% (dados do centro de zoonoses da cidade de Belo Horizonte) acarretando em animais desestruturados para a vida “selvagem na cidade”, criando animais mestiços, pois os mesmos são mais fortes que os vira-latas tendo a preferência das fêmeas para copular. Além de se tornarem violentos no momento em que sentem fome e desprezo.
O American Pit Bull e seus parentes tinham uma reputação de cães leais e confiáveis durante as primeiras décadas do século passado. Nos últimos anos, contudo, essa imagem mudou. Seus membros têm sido considerados como extremamente violentos, assassinos de crianças, e merecedores mesmo de banimento em alguns países. A raça é uma das quatro mencionadas especificamente na Lei de Cães Perigosos de 1991, no Reino Unido.
Assim como há criminosos criando pit bulls para brigas e para amedrontar peões nas ruas, há também criadores sérios e éticos de pit bulls. Para piorar as coisas, os maus criadores muitas vezes deixam de treinar seus cães para não agredirem humanos, como os criadores do início do século passado faziam. Pelo contrário, treinam os cães para serem o mais violentos possíveis."
Alguém leu este excerto ou passaram à frente porque não interessa e é muito extenso?! O que me levou a escrever hoje foi exactamente um artigo que li ontem no JN. Para quem estiver curioso fica aqui o link: Três crianças feridas com gravidade por cão PitBull
Eu não vou dizer que as crianças foram as culpadas, mas todos nós sabemos como são os putos. Puxam as orelhas, puxam a cauda, fazem trinta por uma linha, será que o cão lhes mordeu assim sem mais nem menos? Desculpem lá mas o meu Kayser só me mostra os dentes quando está a comer ou deitado a meu lado e eu lhe puxo as bochechas para cima. Fica nervoso quando eu e o dono dele decidimos brincar de forma agressiva. Ele LADRA para nos fazer parar! LADRA! Eu tenho um coelho anão! Ainda não tinha dito isso aqui. Eles são super amigos e andam os dois pela casa a brincar. Claro que o coelho pesa 1kg ou 2kg e o cão quase consegue pesar mais do que eu (se bem que isso não é difícil)! Além disso se lerem o artigo, a avó das crianças afirma que o cão se encontrava fechado numa divisão! Oh por favor! Alguém gosta de estar fechado? Poupem-me, tem cães para os trancar? Ah e tal ele é cão, não é nenhuma pessoa para ter acesso à casa toda! Sério? Então para que os compram ou para que os vão buscar? Não é para vos fazer companhia? Estão a gozar comigo ou quê? Se eles são os vossos melhores amigos devem ser estimados tal como os vossos melhores amigos de duas pernas não? Epah, não sei, digo eu, com os nervos!!! Enfim!
"Pit bulls podem ser bons animais de estimação, mas devem ser tratados com cuidado e respeito por quem decidir criá-los. Quando em público, devem usar trela curta, açaime, estrangulador ou coleira resistente, sendo conduzidos por pessoas com força física suficiente para conter o animal no caso de euforia. Não são recomendados para quem nunca teve cães."
Para mim esta é a melhor parte. A primeira frase é verdade. Mas esperem, Açaime? Porque? vão morder a alguém? Só os donos forem os tais afectados psicologicamente. Recuso-me a fazer isso ao meu cão. Vejo "Caniches" fazer pior que muitos pit bull. Põem aqueles dentinhos de rato de fora e alguém nos acuda que eles mordem mesmo. Ah e tal cão que ladra não morde. Pois pois!! Conversa conversa. Estrangulador? WTF? por favor!! Vou começar a fazer isso a umas quantas pessoas que conheço a ver se gostam! Pode ser é que estrangule mesmo! Já a parte de devem ser conduzidos por pessoas fortes é verdade! Eu não conduzo o meu cão! Ele conduz-me a mim!! Mas também é porque eu deixo. Porque se lhe der um puxãozito e elevar o tom de voz ele lá se controla, durante 20segundos!

EU tenho um Pit Bull.
ELES chamam cão de raça perigosa!
EU digo:
ÉS O MEU MELHOR AMIGO! 
OBRIGADA PELA COMPANHIA! 
Fonte: WIKIPÉDIA