terça-feira, 27 de dezembro de 2011

train station

A vida é feita de encontros e desencontros. Dentro e fora de tempo. Por vezes temos a sorte de ser surpreendidos com o timing perfeito.
Parece que vivemos numa estação de comboios. Há dias em que os vimos passar e outros em que nos atrevemos a entrar, mesmo que sem destino.
Sei que posso ter chegado atrasada mas apanhei o comboio a tempo. Era o teu relógio que estava adiantado. De tal forma que não foste capaz sequer de ver que estava mesmo atrás de ti e pronta para caminhar lado a lado.
Não sei se perceberás o que te quero dizer, não sei sequer se vais ler com atenção.
Levamos uma vida inteira a aprender. Aprendemos maioritariamente com os nossos erros. Porque achamos que é depois de cair que nos levantamos. De facto é preciso cair para nos levantarmos mas podemos viver toda uma vida de cabeça erguida e ir apenas tropeçando. Muitos de nós passamos a vida a olhar para o chão. Na esperança de encontrar alguma coisa.
Aprendi que tenho de olhar em frente. Que devo apenas ir tropeçando. Tenho tantas cicatrizes nos joelhos. Doeram-me tanto. Cai tantas vezes. Acho que ainda me falta o equilíbrio de vez em quando.  Mas seguro-me bem e tento ficar de pé.
Quero que aprendas, que cresças, quero que chores, que te doa, quero que sofras, que sintas, e que tudo isso te sirva apenas para viver. Vive! Como se este dia fosse o último, porque no fundo é! Não nos é possível saber se amanhã vamos acordar. E se amanhã não conseguires dizer àquela pessoa o quão importante ela é para ti? Se não souberes o caminho de casa? Se não puderes ver o sol? Tens de entender que a vida é isto! A vida é cada segundo, cada momento, cada sorriso, cada gesto. Tens de ser íntegro, tens de acreditar em ti. Dizer sempre a verdade. Tomar o pequeno-almoço. Passear com os teus pais, irmãos e amigos. Tens de sonhar.
Não te esqueças que mesmo as pessoas fortes e com uma história de vida difícil, independentemente de terem ultrapassado ou arrumado tudo, também choram. Também sofrem. Também se emocionam. Acima de tudo sentem. E nada te dá o direito de acreditar que isso torna tudo muito mais fácil.
Respeita e tem em consideração quem julgas gostar. Não tomes nada como adquirido. Não julgues os outros. Também tens telhados de vidro.
Respira fundo. Pensa duas ou três vezes antes de dizeres esse disparate. Ou então diz e depois arrepende-te. A seguir pede desculpa. Mas não o faças muitas vezes. Perde o sentido e o sentimento.
O meu comboio afinal ainda não chegou. Continuo à espera. Desta vez acho que não me atraso. Estou sentada na estação a ouvir rádio. Será um dia frio. Muito frio. Afinal há greve, supressões na linha. Vou chegar outra vez atrasada. Tenho justificação. Será que justifica mesmo? Será que ainda chego a tempo de ocupar o meu lugar?
Hoje chorei. Chorei muito. Deitei tudo cá para fora! Vou ter saudades. Vou lembrar-me muitas vezes. Ainda vou acreditar. Depois volto a chorar. Até ao dia que esquecer. Esquecer que um dia chorei. Esquecer que um dia acreditei.
E nunca vais perceber porque motivo as lágrimas me estão a descer pelo rosto agora! Agora mesmo enquanto escrevo e enquanto estiveres a ler isto.
 Nunca vais perceber porque afinal de contas tu nunca me conheceste e não terás esse privilégio.
O que dizem os olhos que tantas vezes julgaste conhecer?
“Ela vai voltar a sorrir! Aquele brilho, sabes? Não mais o verás! Perdeste! “

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