Gosto de não saber nada sobre ti. De seres um completo
mistério e de seres a pessoa que me responde sempre, eu não quis dizer mais
nada além do que disse.
Não sei se podemos construir uma amizade, não sei sequer
se daqui a uns tempos nos lembramos que nos conhecemos e que durante algumas
horas do dia partilhamos o mesmo espaço.
Gosto quando te ris porque a D. disse que eu tenho cara
de pássaro. Quando te ris sem que eu entenda o motivo. Mas sei que na maior
parte das vezes não te ris de mim mas para mim.
Portanto, e porque aqui não estamos a trabalhar,
apetece-me dizer-te isto tudo.
Um dia disse que não sabia explicar o facto de ter
saudades tuas. Ainda não sei. Mas tenho uma teoria, ainda que a maior parte das pessoas ache descabida, acho que tenho saudades daquilo que não conheço em ti, daquilo
que imagino que possas ser. (Há quem me diga que isto não são saudades, mas sim
expectativa.) Enquanto pessoa. E tenho a certeza que por trás desse ar sério
existe alguém com quem eu ia certamente gostar de conversar durante horas, ad
eterno.
Hoje decidi escrever-te.