domingo, 15 de abril de 2012

As tuas estrelinhas...

Eras uma mulher muito bonita! Foste uma criança adorável. Decerto muito traquinas e uma adolescente rebelde. Mas isso também não é segredo para ninguém. 
Costumam dizer-me que sou muito parecida contigo. Olho vezes sem conta para a tua fotografia, a única que guardo na carteira, velhinha e a preto e branco, e não encontro as semelhanças. O ridículo é que já chegaram a dizer-me (e garanto que a maioria das pessoas que a vêem) que era eu, mas mais nova!
Lembro-me de ti, ainda que pouco. Passámos muito pouco tempo juntas. 
Esta semana é muito difícil para mim. Apesar de parecer uma máquina de guerra blindada sinto muito, muitas coisas. E sinto a tua falta. Não da tua pessoa, que pouco conheci. Sinto falta da pessoa que gostava que tivesses sido para mim. Sinto falta de ter uma mãe. Sinto falta de não te ter conhecido. Quando somos crianças conhecemos muito pouco. Com o passar dos anos vamos-nos esquecendo. Eu tenho muitas memórias. Lembro-me da última festa de aniversário que nos fizeste. Três bolos, do mais pequeno ao maior, caseiros e de coco! (A Nini não gosta de coco, mas acho que na altura nem sabia o que era, era tão pequenina.) A festa ainda foi na quinta. A quinta onde crescemos e aprendemos a subir às árvores de fruto. Lembro-me dos sofás "cambalhotas" onde passávamos bocadinhos à noite nos teus fins-de-semana a brincar. Um dia deste-me um dentada no nariz :). Lembro-me de mais coisas... 
Ontem fez 18 anos que te vi e que tu me viste pela última vez. Hoje faz 18 anos que saíste de casa e não voltaste a entrar. Terça-feira faz 18 anos que nos deixaste. Quinta-feira faz 18 anos que fui ao teu funeral. E sabes uma coisa?! Passou-se tudo assim. Num sábado, domingo, terça e quinta. Mas há 18 anos atrás.
Olha por mim! Por favor olha por nós! 
Tenho saudades tuas, MÃE! Um beijo 

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