Anónimo... Certo?

Estou dormente.

Por norma acordo sempre muito atrasada e tenho de fazer tudo a correr. Por que motivo acordei eu com tempo de sobra naquele dia e liguei o computador? Eu só queria ver o número de visitas durante a noite ao Blogue. Deparei-me com o teu comentário. Passaram-se uns dias desde que te tinha visto e tinha começado a escrever-te. 

Isto já não me devia afetar tanto. Por que raio contínuo eu com saudades tuas e fico perturbada quando me apareces à frente. Passaste por mim e sorriste! Disseste apenas 'bom dia'. Olhei para trás e pensei ir ter contigo. Bolas pah, fazes-me falta! Mas que chatice isto!

Durante alguns meses foste uma peça deveras importante na minha vida. Entendes isso? Era contigo que passava maior parte das horas do meu dia. Era contigo que conversava. Era em ti que confiava. Não foste só tu que me deixaste entrar na tua vida. Eu também te abri a porta da minha. E tal como acontece contigo, entrar na minha não é assim tão linear como pode parecer. A miúda destrambelhada e maluquita por que todos me tomam é bem mais do que isso. A minha vida, a minha história, o meu coração, quem sou realmente, poucos conhecem. E tu conheceste. Conheceste tão bem! Mas ninguém é perfeito. Nem tu! Todos nós erramos. Errei contigo, não pensei em ti naquele momento, mas sabendo tu como sou, impulsiva e reativa, achas que conseguia pensar em ti? Podes dizer-me que se fosse contigo pensavas, e eu acredito, mas eu não sou TU nem como TU. E foram essas diferenças que nos uniram e nos tornaram naquilo que erámos uma para a outra. Ser-te-á tão difícil compreender isso?

Naquele dia a minha vida deu uma volta de 180ºC e tive de me controlar para não me prejudicar ainda mais. Tu sabes disso, sabes bem o esforço que fiz para não piorar ainda mais as coisas. Daquele dia para a frente foi sempre a piorar. E por mais que me digas, posso garantir-te que eu não mudei, a minha atitude foi sempre profissional. Se os outros em redor se aperceberam? É natural. Se ficaram magoados e chocados com o que se estava a passar? Se tomaram a minha dor? É possível.

Desde então, e podes até não notar, tenho sido marginalizada. Não, não é mania da perseguição. É um facto. Mas não estou aqui para te contar as minhas lamentações profissionais que me desmotivam a cada dia que passa.

Se achas que foi mau para ti acredita que foi muito pior para mim. E foi isso que todos se esqueceram. Eu fiquei vista assim:

-Era uma merda a desempenhar as minhas funções!

-Fui a cabra que apunhalou os colegas pelas costas, a bufa que disse o que estava mal.

-Enfiaram-me onde eu não era bem-vinda com a desculpa de que afinal eu já era boa em alguma coisa e precisavam de mim ali, quando era apenas um castigo como se eu fosse uma criança e andasse na 1ªclasse.

-As pessoas que eu pensei que me iriam apoiar, nas minhas costas diziam, ah pois ela fala demais, tem o coração muito perto da boca! Mentira, eu não falei demais. Eu até falei muito pouco. Limitei-me a ficar calada. Se tivesse dito alguma coisa em minha defesa talvez me tivesse safo. É assim que funciona.

-Perdi uma amiga porque no meio da minha dor tinha de ter reconhecido a dor dela! Sou por ela acusada de traição. Tinha de ter confiado nela. Tinha de saber que em algum momento ela me defendeu! Fui egoísta!

(Bolas, em que parte é que eu entro!? Ninguém, ninguém me limpou as lágrimas! Ninguém me disse que não era bem assim e que estavam a ser injustos comigo. Só me atiraram pedras naquela altura.)

Pedir desculpa não faz com que tudo volte a ser como era antes é verdade. Mas eu não pedi desculpa muitas vezes. Também escrevi algures:

“Respira fundo. Pensa duas ou três vezes antes de dizeres esse disparate. Ou então diz e depois arrepende-te. A seguir pede desculpa. Mas não o faças muitas vezes. Perde o sentido e o sentimento.”

Não te pedirei desculpa, já não faz sentido. Não te peço que esqueças o que te magoou. Peço apenas que o arrumes. Se achares que te avariei um pouco mais, deita fora. Se achares que eu valho a pena, sabes onde me encontrar. Eu estarei aqui sempre. Gosto de ti e isso não vai mudar.