segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia do Pai

A 19 de Março de 1997 escrevi-te uma carta na escola. Possivelmente foi ditado pela professora. Agora que a leio não me parece que tenha sido eu a escrevê-la. Não sei porque tenho isto comigo, está guardado na minha mini-caixa de recordações. Abri mão de algumas com o passar dos anos. Mudei de caixa e de casa muitas vezes e talvez por isso também tenha perdido uma grande parte.

"O passo na escola

...muito depois... o ruído de um passo! Um passo forte, lépido, vivo, familiar..
Um passo que vem vindo e que sobe depressa os degraus de uma escada.
Um passo que ouço extasiada e espero numa ânsia sem palavras, reconhecendo entre todos os outros o seu pisar ágil e diferente que a tudo, como a mim, enche de segurança.
Sei que para chegar não encontra embaraço.
Sobe os degraus de dois em dois, correndo.
Sinto-o ao longe, ouço-o vir. Quero-lhe bem. Sabendo, escuto-o definir-se, aproximar-se, entrar...
É um passo que me encontra, me conforta e me atrai.
E, de súbito, o passo toma corpo, torna-se dois braços que me arrebatam do chão, faz-se um rosto de homem sorridente, moço, um rosto de carinho e de alegria que eu não canso de ver e rever todo o dia.
Um rosto que se inclina sobre a minha pequena cabeça com adoração.

O símbolo de toda a protecção: PAI."

Em 1997 tinha 12 anos. Passaram-se 15. Não te vejo há 14.
Tens três filhas, um neto, um irmão e ainda a tua mãe (não que ela interesse muito). 
Ainda caminhas por este mundo? Se assim não for podia pedir-te um sinal, daqueles que se pedem às vezes, para não ficar eternamente à tua espera. Ou melhor, para não ficarmos! 
Onde quer que estejas e ainda que não mereças desejo-te um bom dia do Pai. Não sou muito de datas no calendário, datas deste género, porque acho que todos os dias são dias, mas ainda assim fica aqui uma lembrança de há 15 anos atrás. 
E mais uma vez, 
Um beijo das tuas filhas! 

(P.S.: Nunca tive muito jeito para desenho!)

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